ATA DA DÉCIMA TERCEIRA REUNIÃO ORDINÁRIA DA TERCEIRA
COMISSÃO REPRESENTATIVA DA DÉCIMA SEGUNDA LEGISLATURA, EM 14.07.1999.
Aos quatorze dias do mês de julho do ano de mil
novecentos e noventa e nove reuniu-se, no Plenário Otávio Rocha do Palácio
Aloísio Filho, a Câmara Municipal de Porto Alegre. Às nove horas e quarenta e
cinco minutos foi efetuada a segunda chamada, sendo respondida pelos Vereadores
Adeli Sell, Carlos Alberto Garcia, Cláudio Sebenelo, Clênia Maranhão, Décio
Schauren, Eliseu Sabino, Guilherme Barbosa, Isaac Ainhorn, Juarez Pinheiro,
Lauro Hagemann, Luiz Braz, Titulares e Maristela Maffei e Sônia Santos, Não
Titulares. Ainda, durante a Sessão, compareceram os Vereadores José Valdir e
Reginaldo Pujol, Titulares. Constatada a existência de "quorum", o
Senhor Presidente declarou abertos os trabalhos e determinou a distribuição em
avulsos de cópias da Décima Reunião Ordinária, que foi aprovada. À MESA foram
encaminhados: pelo Vereador Carlos Alberto Garcia, 03 Pedidos de Providências;
pela Vereadora Clênia Maranhão, 01 Pedido de Providências e a Indicação nº
44/99 (Processo nº 2224/99); pelo Vereador Isaac Ainhorn, 01 Pedido de
Providências; pelo Vereador Luiz Braz, 01 Pedido de Providências. Também, foram
apregoados os seguintes Ofícios, do Senhor Prefeito Municipal de Porto Alegre:
de nº 365/99 (Processo nº 2279/99), informando que se ausentará do Município
nos dias quinze e dezesseis de julho do corrente, a fim de participar como
conferencista do “1º Congresso Brasileiro de Controle Social do Orçamento
Público”, a ser realizado em Belo Horizonte/MG; de nº 366/99 (Processo nº
2281/99), comunicando o afastamento do Vice-Prefeito Municipal, Senhor José
Fortunati, do dia dezessete ao dia trinta e um de julho do corrente, para gozo
de férias. Do EXPEDIENTE constaram: Ofícios nºs 350, 351, 352 e 353/99, do
Senhor Prefeito Municipal de Porto Alegre; 221/99, da Senhora Marutschka
Martini Moesch, Supervisora do órgão executivo Porto Alegre Turismo - Sistema
Municipal de Turismo. Em COMUNICAÇÃO DE LÍDER, o Vereador Isaac Ainhorn
analisou dados constantes de impresso publicado pelo PMDB, intitulado
"Orçamento Participativo 98 - A Manipulação da Vontade Popular",
afirmando existirem atrasos na realização de obras eleitas como prioritárias
pelo Programa de Orçamento Participativo de Porto Alegre. Também, defendeu a
realização de um debate mais amplo quanto aos objetivos e métodos de
funcionamento do Orçamento Participativo. A Vereadora Sônia Santos,
reportando-se ao pronunciamento do Vereador Isaac Ainhorn, teceu críticas aos
posicionamentos externados à imprensa pelo Senhor Prefeito Municipal com
relação à função legislativa e fiscalizatória exercida por esta Casa sobre os
atos do Poder Executivo. Ainda, manifestou-se contrariamente à política adotada
pelos Governos do Estado e do Município, cobrando o cumprimento de promessas
feitas pelos candidatos do PT durante o período de campanha eleitoral. Na ocasião, foi aprovado Requerimento do Vereador Antônio Losada,
solicitando Licença para Tratar de Interesses Particulares no dia de hoje,
tendo o Senhor Presidente declarado empossada na titularidade da Comissão
Representativa a Vereadora Maristela Maffei. Após, face Questão de Ordem
formulada pelo Vereador Isaac Ainhorn, o Senhor Presidente prestou
esclarecimentos acerca da possibilidade de instalação de Comissão Temporária
durante o período de funcionamento da Comissão Representativa. Em COMUNICAÇÃO
DE LÍDER, o Vereador Cláudio Sebenelo, referindo-se às disposições da Lei
Federal nº 8689, discorreu a respeito da Audiência Pública promovida pela
Secretaria Municipal da Saúde, realizada no dia sete de julho do corrente nas
dependências deste Legislativo, destinada à prestação de contas dos
investimentos feitos pelo Município na área da saúde, criticando as condições de
divulgação e realização deste evento e enfatizando que o mesmo não deveria ter
ocorrido durante o período de recesso parlamentar. O Vereador Carlos Alberto
Garcia propugnou pelo aumento na destinação de verbas públicas para a
Secretaria Municipal da Educação, salientando a necessidade de que essa
Secretaria passe a administrar todos os centros esportivos municipais,
inclusive os que hoje se encontram sob a direção da Fundação de Educação Social
e Comunitária - FESC. Também, afirmou que, com a implementação dessas mudanças,
a Secretaria Municipal da Educação terá condições de viabilizar um melhor
aproveitamento das instalações existentes nesses centros esportivos. Na
oportunidade, o Senhor Presidente registrou o falecimento do Poeta Jayme
Caetano Braun, do Jornalista Jorge Alberto Mendes Ribeiro e do Músico Cau
Hafner, ocorridos respectivamente nos dias oito, nove e dez de julho do corrente.
Em COMUNICAÇÃO DE LÍDER, o Vereador Lauro Hagemann lamentou a venda do prédio
onde está sediada a Aliança Francesa em Porto Alegre, salientando o prejuízo
que tal fato representa para o ensino do idioma francês na Cidade. Também,
lembrou a passagem do trigésimo sétimo aniversário de fundação do Sindicato dos
Radialistas, historiando fatos relativos às atividades exercidas por esse
Sindicato na luta pela liberdade de expressão e pela defesa dos interesses dos
profissionais da área da comunicação social. A seguir, foi apregoado Requerimento
do Vereador Luiz Braz, solicitando, nos termos do artigo 218, § 6º do Regimento,
Licença para Tratamento de Saúde para o Vereador Paulo Brum, nos dias quatorze
e quinze de julho do corrente, tendo o Senhor Presidente declarado empossada na
titularidade da Comissão Representativa a Vereadora Sônia Santos. Ainda, o
Senhor Presidente registrou o falecimento do Senhor Leocadio Antunes, ocorrido
no dia nove de julho do corrente. Em COMUNICAÇÃO DE LÍDER, a Vereadora Clênia
Maranhão comentou dados constantes em impresso publicado pela Bancada do PMDB
na Assembléia Legislativa, intitulado "Orçamento Participativo 98 - A
Manipulação da Vontade Popular", tecendo considerações a respeito do
Programa de Orçamento Participativo implantado em Porto Alegre e afirmando que
parte das obras que foram
elencadas como prioritárias pela população da Cidade ainda não foram
realizadas. Também, defendeu a aprovação do Projeto de Lei do Legislativo nº
30/99. O Vereador Guilherme Barbosa, reportando-se ao pronunciamento do
Vereador Cláudio Sebenelo, discorreu a respeito da Audiência Pública promovida
pela Secretaria Municipal da Saúde no dia sete de julho do corrente. Ainda,
contraditou os dados apresentados no impresso "Orçamento Participativo 98
- A Manipulação da Vontade Popular", mencionando que o Orçamento
Participativo de Porto Alegre vem cumprindo as metas estabelecidas e que os
atrasos verificados em algumas obras decorrem da falta de liberação de recursos
por parte do Governo Federal. A seguir, constatada a existência de
"quorum", foi aprovado Requerimento verbal do Vereador Adeli Sell,
solicitando alteração na ordem dos trabalhos da presente Sessão. Na ocasião, os
trabalhos estiveram suspensos das dez horas e trinta e oito minutos às dez
horas e trinta e nove minutos, e das dez horas e quarenta minutos às dez horas
e quarenta e um minutos, nos termos regimentais. Em COMUNICAÇÕES, o Vereador
Adeli Sell pronunciou-se a respeito da Audiência Pública realizada pela
Secretaria Municipal da Saúde no dia sete de julho do corrente, salientando que
este evento teve ampla divulgação através da imprensa e do Diário Oficial do
Município de Porto Alegre. Também, comentou sobre as políticas administrativas
adotadas pelo Executivo Municipal com referência à administração dos centros
esportivos comunitários e ao funcionamento do Programa de Orçamento
Participativo vigente em Porto Alegre. O Vereador Carlos Alberto Garcia teceu
considerações a respeito dos índices de inflação constatados na Cidade,
criticando os reajustes promovidos nos preços dos produtos farmacêuticos e dos
combustíveis e salientando ser Porto Alegre a capital brasileira onde foram
verificados os maiores índices de aumento de preços. Ainda, atentou para o
aumento nos percentuais de desemprego no País, ressaltando a necessidade de
adoção de medidas públicas destinadas à geração de novos postos de trabalho. O
Vereador Cláudio Sebenelo criticou a atuação do PT à frente do Governo do
Estado e do Município, especialmente no que se refere às tratativas feitas para
instalação de uma montadora de automóveis da Empresa Ford e à execução de obras
viárias na Avenida Assis Brasil. Também, externou sua preocupação com o alto
número de acidentes do trabalho ocorridos no País, destacando a importância da
utilização de equipamentos de proteção individual para a prevenção de acidentes
deste tipo. A Vereadora Clênia Maranhão registrou a realização da Qüinquagésima
Primeira Reunião Anual da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência -
SBPC, destacando a importância da realização deste evento na Cidade. Ainda,
manifestou-se sobre impresso intitulado "Orçamento Participativo - A
Manipulação da Vontade Popular", ressaltando a necessidade de que seja
exigida do Executivo Municipal a concretização das obras eleitas como
prioritárias pelo Orçamento Participativo. O Vereador Décio Schauren, reportando-se
ao pronunciamento da Vereadora Clênia Maranhão, teceu críticas ao teor das
informações divulgadas no impresso "Orçamento Participativo - A Manipulação da Vontade Popular", afirmando
que os dados ali constantes não correspondem à realidade e citando exemplos de
obras públicas que foram priorizadas pelo Programa de Orçamento Participativo
de Porto Alegre e que, contrariando as informações do referido impresso, já
estão concluídas. O Vereador Guilherme Barbosa cobrou uma definição nos
posicionamentos adotados pelos Partidos de oposição com referência ao Programa
de Orçamento Participativo implantado em Porto Alegre, frisando a importância
do exercício da democracia participativa na busca de soluções para os problemas
da Capital. Também, referiu-se aos resultados de pesquisa de opinião realizada
pelo Instituto Vox Populi, referentes à popularidade do Presidente da República
e criticou o Governo Federal pelas políticas que vêm sendo adotadas na área da
assistência social. O Vereador José Valdir referiu-se à Audiência Pública
realizada neste Legislativo, promovida pela Secretaria Municipal da Saúde, com
a finalidade de proceder à prestação de contas dos investimentos do Município
na área da saúde pública durante os três primeiros meses deste ano. Ainda,
teceu considerações a respeito de medidas em tramitação no Congresso Nacional,
destinadas a viabilizar a instalação de uma montadora de automóveis no estado
da Bahia e comentou dados relativos à sistemática de funcionamento do Orçamento
Participativo na Cidade. O Vereador Luiz Braz, ao manifestar-se sobre o
impresso intitulado "Orçamento Participativo - A Manipulação da Vontade
Popular", declarou que os dados constantes neste impresso são verdadeiros
e que correspondem à situação de acabamento das obras priorizadas pelo
Orçamento Participativo verificadas no primeiro trimestre deste ano. Também,
ressaltou a necessidade de maior fiscalização, por parte da Casa, das questões
atinentes ao Orçamento Participativo, mencionando Pedidos de Informações
formulados por Sua Excelência com relação ao assunto. Na oportunidade, o Vereador
Reginaldo Pujol, através de Questão de Ordem, manifestou-se a respeito dos
trabalhos da presente Reunião, e a Vereadora Maristela Maffei registrou o transcurso
dos nove anos de vigência do Estatuto da Criança e do Adolescente. Às doze
horas e quatro minutos, constatada a inexistência de "quorum", o
Senhor Presidente declarou encerrados os trabalhos, convocando os Senhores
Vereadores para a Reunião Ordinária de amanhã, à hora regimental. Os trabalhos
foram presididos pelos Vereadores Nereu D'Ávila, Juarez Pinheiro e Adeli Sell e
secretariados pelos Vereadores Adeli Sell e Isaac Ainhorn. Do que eu, Adeli
Sell, 1º Secretário, determinei fosse lavrada a presente Ata que, após
distribuída em avulsos e aprovada, será assinada por mim e pelo Senhor
Presidente.
O SR. PRESIDENTE (Adeli Sell): O Ver. Isaac Ainhorn está com a palavra
para uma Comunicação de Líder.
O SR. ISAAC AINHORN: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, a
Cidade vive um momento importante na sua vida e no seu livre debate democrático.
E faz parte do processo democrático a existência de polêmica, a existência de
um amplo debate. E é dentro dessa
ótica, podendo até divergir em alguns aspectos, que nós queremos saudar
o PMDB pela iniciativa de lançar uma revista avaliando o Orçamento
Participativo da Cidade de Porto Alegre, porque isso já está proporcionado o
debate.
O
levantamento promovido pelos Deputados Berfran Rosado e Mário Bernd, pelos
Vereadores Fernando Záchia e Clênia Maranhão, achamos que tem o mérito de
proporcionar um amplo debate. Agora, nós não podemos ser saudosistas do período
do autoritarismo, venha ele de onde vier, da direita ou da esquerda, porque
eles são muito próximos. Infelizmente, eles têm a coincidência do ranço
autoritário.
Tudo
aquilo que não é o que nós pensamos, é rejeitado, é repudiado, não se permite
que as idéias sejam colocadas. É óbvio que essas pessoas têm uma visão distinta
da nossa, mas a democracia nos ensina que faz parte do processo democrático o
convívio com posições antagônicas, e o contraditório, Sr. Presidente, Srs.
Vereadores, é fundamental para o esclarecimento da sociedade como um todo.
Se
não existe o debate, se não existe esse processo de polêmica, naturalmente o
esclarecimento não vem.
Todos
nós conhecemos sabemos, aqui na Câmara
Municipal, que existem problemas com relação ao cumprimento das demandas e dos
investimentos previstos no Orçamento Participativo, seja do ano de 96, 97 ou
98. Alguns desses problemas foram detectados por um estudo realizado por
Deputados e Vereadores do PMDB, com quem podemos até ter divergências, mas
temos que reconhecer, em primeiro lugar, o direito desses políticos, de fazerem
um profundo levantamento, porque estão ajudando a sociedade como um todo.
Infelizmente, o Prefeito Raul Pont coloca-se numa posição extremamente radical,
como se ele fosse o dono da verdade, como se só a verdade dele valesse, e
convida vários segmentos da representação para examinar se esses dados são
verdadeiros ou não, convidando contadores e membros do Orçamento Participativo,
simplesmente ignorando quem tem o poder e a competência de realizar esse exame
e diagnóstico, que é o Poder Legislativo Municipal. Aqui está a representação
pluripartidária de todos os segmentos da sociedade porto-alegrense, com nove
partidos que expressam a vontade da população de Porto Alegre. Se eles nos
convidasse, faríamos juntos essa avaliação, mas sequer mencionou o Poder
Legislativo, e isso é um desrespeito. Não vamos abrir mão das nossas
prerrogativas, porque fiscalizar é uma das tarefas básicas do Poder Legislativo
Municipal, juntamente com o Tribunal de Contas do Estado. Mas o Tribunal de
Contas não avalia as demandas, se foram cumpridas ou não; o Tribunal de Contas
avalia se os números fecham dentro das receitas e do exame das despesas. Vamos
fazer uma avaliação das obras que estão em andamento e em processo de
licitação, porque é da competência da Comissão Representativa e dos Vereadores
desta Casa. Nós sabemos das dificuldades, e o Prefeito poderia até ter a
humildade de dizer que inúmeros recursos federais foram retirados do Município
de Porto Alegre assim como de outros
municípios brasileiros em que houve problemas. Agora, não pode ser um homem
cheio de si, como se ele, exclusivamente, fosse o dono da verdade. E se
tivéssemos uma lei definindo direitos e obrigações sobre o Orçamento
Participativo, regulando-o, não teríamos necessidade desse tipo de polêmica. E,
realmente, é necessário legalizar o Orçamento Participativo, para que acabe,
finalmente, essa famosa caixa-preta. Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: A Vera. Sônia Santos está com a palavra
para uma Comunicação de Líder.
A SRA. SÔNIA SANTOS: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, o Ver.
Isaac Ainhorn subiu a esta tribuna mostrando-se surpreso com o comportamento do
nosso Prefeito Raul Pont ao desprezar o trabalho da Câmara, ao desmerecer o
comportamento e o trabalho desenvolvido pelos trinta e três parlamentares da
Câmara de Porto Alegre. Vereador Isaac Ainhorn, eu fiquei surpresa com a sua
surpresa! Até parece que V. Exa. não fez a leitura dos textos que foram
publicados em jornais como o Le Monde, Gazeta Mercantil, em que o nosso
Prefeito dizia, com todas as letras, que a Câmara Municipal nem precisaria
existir, porque aqui em Porto Alegre existe o Orçamento Participativo. Ele
disse, também, que os Legislativos são
corruptos, Vereadores e Deputados. E mais, quando publicada essa
entrevista, a Gazeta Mercantil recebeu a solicitação de demissão do jornalista
que fez a entrevista. O comportamento do nosso Prefeito é ditatorial e autoritário, e até nos faltam alguns
adjetivos pejorativos, e também ficaria difícil de os colocarmos através das
câmeras e através deste microfone, para classificar o comportamento do nosso Prefeito. E não é só do Prefeito. Todos
aqueles que levantam a sua voz contra esse comportamento são perseguidos.
Talvez muitos de vocês tenham ouvido, na Rádio Gaúcha, sexta-feira pela manhã,
o pronunciamento da Secretária de Saúde do nosso Estado, onde ela inicia a
entrevista sem cumprimentar o entrevistador e finaliza da mesma forma. Antes de
se despedir do povo gaúcho, através das ondas da Rádio Gaúcha, fez uma ameaça,
a mando do Governador, dizendo que o Governador iria entrar na Justiça contra
aquele jornalista Rogério Mendelski, porque tinha, tão-somente, na véspera,
cobrado as promessas que têm sido feitas ao longo dos anos, desde 1982, quando
o Governador Olívio Dutra era candidato e prometia, para o nosso Estado, o
paraíso. Fez promessas sem fim porque talvez não acreditasse ser eleito
Governador do Estado, e hoje não tem um plano para governar. Quando aquele
jornalista cobrou medidas, por parte do Governo, pela morte de uma mulher em
Tramandaí, de uma criança num hospital, ele foi ameaçado. O Governador entrou
na Justiça contra esse apresentador que tão-somente cobrou o que foi prometido
e distribuído para toda a população do nosso Estado. Assim age o partido que
hoje está no governo do nosso Município e do nosso Estado.
Com
certeza, esses Vereadores e esses Deputados que estão levantando irregularidades,
estão mostrando que as coisas não são feitas da forma como é dito, que há muita
propaganda - e eles são muito competentes na forma de fazer propaganda, mas
para cumprir promessas não são. Talvez seja uma forma de entrar na Justiça. O
nosso Procurador-Geral do Estado já disse que quem sabe entrasse na Justiça
contra os Deputados que derrubaram o veto do Governador. É tudo assim! É
coagindo as pessoas! É para as pessoas que estavam ouvindo a Rádio Gaúcha; é
para que os comunicadores do interior ficassem com medo de falar contra esse
Governo, porque seriam acionados na Justiça; é para coagir os Vereadores que
vão investigar, que vão lá em cima ver o que está acontecendo, para que fiquem
com medo de ser acionados na Justiça. Onde nós estamos?! Onde está a
democracia? Cuba é tão bonita! Mas lá há ditadura! É isso que estão querendo
implantar? Foi por isso que colocaram a bandeira de Cuba no Palácio do Governo
no dia da posse?
Acho
que todos nós, Vereadores, temos que estar alerta, temos que estar atentos,
temos que fiscalizar, sim! Aceitamos o desafio, o convite que fez o Ver. Isaac
Ainhorn para investigarmos cada vez mais, para usarmos esta tribuna e
levantarmos a voz, incentivando as
pessoas a que falem a verdade, e que parem de pregar mentiras. E que fique bem
claro que a tentativa de coação contra as pessoas que se levantam contra esse
Governo está acontecendo. É a tentativa de implantar a ditadura, sim, e nós
somos contrários. A democracia foi conquistada com duras penas, e nós queremos
mantê-la. Muito obrigada.
(Não
revisto pela oradora.)
O SR. PRESIDENTE: O Ver. Antônio Losada solicita Licença
para Tratar de Interesses Particulares no dia 14.07.99.
(Obs.:
Foi aprovado o Requerimento de licença do Ver. Antônio Losada e dada posse ao
Suplente na Comissão Representativa, conforme consta na Ata.)
O SR. ISAAC AINHORN (Esclarecimento): Pergunto a V. Exa. se é possível a
constituição de uma comissão temporária agora, no âmbito da Comissão
Representativa da Casa, porque pretendo apresentar, no dia de hoje, para ser
votado amanhã, inclusive com a presença da Bancada Governista, um Requerimento
para que façamos uma avaliação com relação a essas obras que são apontadas como
não-realizadas e não-iniciadas com relação a indicações e demandas previstas no
Orçamento Participativo. Vou formular o Requerimento por escrito, mas preciso
da resposta de V. Exa.
O SR. PRESIDENTE: Ver. Isaac Ainhorn, no art. 82, parágrafo
único, diz o seguinte: “Em casos excepcionais e sendo o assunto relevante,
poderá ser constituída comissão temporária ou ter andamento os trabalhos de
comissão temporária já existente, a Requerimento de Vereador, aprovado pela
Comissão Representativa”. Essa é a questão que está colocada no Regimento da
Casa.
O SR. PRESIDENTE: O Ver. Cláudio Sebenelo está com a
palavra para uma Comunicação de Líder.
O SR. CLÁUDIO SEBENELO: Senhor Presidente e Srs. Vereadores, a
Lei nº 8.689, em seu artigo 12, obriga o gestor do Sistema Único de Saúde a,
trimestralmente, em audiência pública na Câmara de Vereadores, detalhar o
montante, a fonte de recursos aplicados, as auditorias, bem como a oferta e
produção de serviços na rede assistencial.
Venho
pedindo que o Secretário do Município compareça a esta Casa em audiência
pública há mais ou menos dois anos e meio.
Pois, para minha surpresa, lendo o jornal “Correio
do Povo” de quinta-feira passada, à noite, vi uma pequena notícia dizendo que o
Secretário, em audiência pública, tinha vindo a esta Casa dar satisfação.
Agora,
um “release” do Ver. Renato Guimarães diz o seguinte: “causou grande estranheza
o fato de que todos os opositores que cobraram a audiência não compareceram. A
audiência pública foi amplamente divulgada pela imprensa e através de
convites”.
Eu
tenho aqui o convite feito à Presidente da Comissão de Saúde desta Casa. Está
datado do dia da audiência pública, entre aspas: dia sete. Ela foi convidada às
12h28min.
Queremos
saber se o Sr. Presidente da Casa sabia da audiência pública, se ele compareceu
à audiência pública, se recebeu o Secretário nesta Casa naquela data, já que,
em trinta e um de maio, o Prefeito pedia, sem que nenhum dos Vereadores tivesse
comparecido, a não ser o Ver. Renato Guimarães e a Vera. Sonia Saraí.
O
Dr. Humberto Scorza, Presidente do Conselho Municipal de Saúde, manda uma carta
à Vera. Sônia Santos, dizendo que “manifesta estranheza e preocupação com a
postura contraditória assumida pela Comissão de Saúde e Meio Ambiente da Câmara
de Vereadores, frente ao Sistema Único de Saúde em nosso Município, ao
constatarmos como única e honrosa presença a da Vera. Sonia Saraí à Prestação
de Contas, em audiência pública por parte da Secretaria Municipal de Saúde, no
dia sete do corrente, no auditório Glênio Peres.
Audiência
pública no recesso? Audiência pública sem avisar ninguém? Quantas pessoas,
quantos Vereadores compareceram a essa audiência? Levaram dois anos e meio para
fazê-la e o fazem na calada da noite, nesta Casa, sem avisar ninguém, sem que o
Presidente tenha conhecimento, sem que haja qualquer aviso ou convite!
E
é mentira que tenha sido amplamente divulgado pela imprensa, porque não foi!
Não há nenhum registro na imprensa. Existe um registro depois do ocorrido, num
pequeno espaço do “Correio do Povo”. É dessa forma que se trata a saúde no Rio
Grande do Sul. É dessa forma decripta, do escondido, como disse hoje o Deputado
Ivar Pavan em entrevista, dizendo que algumas coisas estratégicas estão vazando
no Piratini. E onde está a transparência?
Essa
forma de fazer a audiência pública revoltou profundamente a Comissão de Saúde e
Vereadores: sem nenhum anúncio ou divulgação, perde o seu valor, porque meia
dúzia de pessoas comparecem e ficam coonestadas da forma mais escondida.
Quero
ler a última frase de uma admoestação que o jornal Zero Hora faz ao Secretário
da Saúde: “Se o objetivo fosse achar culpados, não seria difícil identificar
autoridades públicas que vêem fantasmas em tudo ou que se julgam detentoras do
monopólio da retidão.” Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: O Ver. Carlos Alberto Garcia está com a
palavra para uma Comunicação de Líder.
O SR. CARLOS ALBERTO GARCIA: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, desde
o início desta Legislatura temo-nos debatido acerca das ações da Secretaria
Municipal de Esportes e a FESC. Durante inúmeras oportunidades fizemos questão
de nos manifestarmos, porque estranhamos, não entendemos as razões pelas quais
as melhores instalações esportivas do Município estavam nas mãos da FESC e não
nas mãos da Secretaria Municipal de Esportes.
Nesses
três anos, cada vez que discutimos o Projeto que versa sobre as Leis de
Diretrizes Orçamentárias procuramos fazer, através de Emenda, o aumento de
verba para a Secretaria Municipal de Esportes, que detém, hoje, 0,48% do
orçamento municipal.
A
FESC administra nove centros comunitários. Na semana passada foi assinado o
primeiro convênio entre a FESC e a Secretaria Municipal de Esportes, cuja cópia
temos em nossas mãos, onde o Centro Comunitário do Bairro Ipiranga, o Centro
Comunitário da Vila Elizabeth e o Centro Esportivo 1º de Maio, passam a ser
administrados pela Secretaria Municipal de Esportes. Isso é um avanço, mas
esperamos que o Executivo, ao final desta Legislatura, passe para a Secretaria
Municipal de Esportes a administração de todos os centros comunitários. É
urgente isso.
Quero
parabenizar o Executivo pela maneira como está implantando a mudança de
administração dos centros, pois, gradativamente, transfere essa tarefa à
Secretaria Municipal de Esportes.
Entendemos,
também, que, por ocasião da discussão do Projeto da LDO, teremos a oportunidade
de aumentar as verbas, através de Emenda, para a Secretaria Municipal de
Esportes.
Vou
ler o que foi passado para a Secretaria Municipal de Esportes, através do
convênio. (Lê.)
“A
FESC coloca à disposição da Secretaria Municipal de Esportes os seguintes
equipamentos esportivos:
No Centro Comunitário do Bairro Ipiranga: um
campo de futebol, dois vestiários do campo de futebol, uma casa situada próxima
ao campo, uma quadra polivalente e as piscinas.
No
Centro Comunitário da Vila Elizabeth: um ginásio de esportes, um campo de
futebol, duas quadras poliesportivas e as piscinas.
No
Centro 1º de Maio: área total dos equipamentos, com exceção dos espaços
necessários à implementação dos programas da FESC, ficando assegurado o direito
de uso.”
Srs.
Vereadores, por que ao longo desses anos temos debatido esse assunto? Porque
não conseguimos entender que a FESC - Fundação de Educação Social e
Comunitária-, ela não faz as atividades desportivas, e é por esse motivo que,
durante todo esse tempo, temos debatido.
Agora,
queremos, aqui, cobrar do Executivo que até o final do ano esse convênio possa
ser suplementado, fazendo com que os nove centros comunitários passem para a
administração da Secretaria Municipal de Esportes.
No
nosso entendimento, quem vai lucrar com isso será a totalidade da população de
Porto Alegre. Em outras épocas, constantemente era visto que em cada centro
comunitário, aproximadamente três a cinco mil pessoas freqüentavam; hoje,
lastimavelmente, estão abandonados, quanto ao uso, principalmente nos fins de
semana. Entendemos que a população carente da nossa Cidade, um dos raros
momentos que tem para o seu lazer, o seu desporto é justamente no fim de
semana. Essas áreas estão ociosas por uma questão de administração da FESC, e
entendemos que, no momento em que elas passarem para a Secretaria Municipal de
Esportes, teremos, sim, a implementação do uso contínuo, permanente e
diuturnamente, fazendo com que a população possa ter acesso a todas as
instalações. Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: É com muito pesar que nós, Vereadores
desta Casa - creio que falo em nome de todos os Vereadores - registramos a
perda de figuras ilustres do Rio Grade do Sul. Perdemos, nesta última semana, o
ex-Vereador desta Casa, um grande comunicador e político, Mendes Ribeiro; e os
artistas de grande renome e que honraram a cultura do nosso Estado: Jayme
Caetano Braun e Cau Hafner.
O
Ver. Lauro Hagemann está com a palavra para uma Comunicação de Líder.
O SR. LAURO HAGEMANN: Sr. Presidente e Srs. Vereadores. Hoje,
14 de julho, assinala a data nacional da França. Hoje se comemora a Queda da
Bastilha, que foi um marco na história da humanidade. A cultura francesa, hoje,
está, aparentemente, em declínio no mundo. Ontem ainda víamos nas páginas dos jornais
a venda do prédio da Aliança Francesa, no Centro de Porto Alegre, o que
representa, segundo o noticiário, um decréscimo nas matrículas de estudantes
interessados na língua francesa. Isso é lamentável, mas é o sinal dos tempos.
Também
quero assinalar desta tribuna o 37º aniversário do Sindicato dos Radialistas,
cuja Carta Sindical é datada de 14 de julho de 1962, assinada pelo então
Presidente João Goulart. Quero referir esta data como memorável para a
categoria, porque até então, apesar de várias tentativas, os radialistas não
tinham a necessária consistência classista para se constituírem em uma entidade
de classe. Só a partir de 1962, e após o episódio da Legalidade, foi que a
categoria se conscientizou de que deveria formar uma entidade, com a designação
de sindicato, para incorporar-se ao conjunto dos outros trabalhadores, o que
foi feito, e a partir dali o Sindicato dos Radialistas começou a existir como
entidade.
É
verdade que depois de algum tempo, e mais recentemente, o Sindicato perdeu um
pouco do seu ímpeto dadas as modificações que se verificaram no processo de
comunicação deste País. A transmissão por rádio e televisão do noticiário, da
cultura, das artes, da ciência, enfim, da vida da Cidade, da cidadania não é
mais da mesma forma como se praticava há trinta anos. Quando o Sindicato foi
fundado tínhamos muitas emissoras de rádio, havia apenas uma estação de
televisão, a Piratini. Isso hoje é matéria do passado e temos que nos contentar
com a remissão àqueles trinta e sete anos para dizer que o Sindicato, na época,
cumpriu com a sua tarefa. Hoje, continua cumprindo, mas dentro de uma
organização trabalhista diferente, e vai ser diferente cada vez mais daqui para
frente. Tenho insistido muito que as categorias profissionais do ramo da
Comunicação são as que mantém, ainda, o tema “liberdade de expressão”, que nós
podemos desfrutar, hoje, porque senão os interesses econômicos teriam superado
os interesses da sociedade e os interesses profissionais. Isso é lamentável e
carece de um estudo mais profundo.
O
que eu quero deixar registrado, hoje, é o aniversário do Sindicato dos
Radialistas, quatorze de julho de mil novecentos e sessenta e dois, foi
assinada a Carta Sindical. Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: O Ver. Paulo Brum solicita licença para
tratamento de saúde. O Ver. Paulo Brum será substituído pela Vera. Sônia Santos
nesta Comissão Representativa. O Vereador, inclusive, encontra-se
hospitalizado.
Nós
havíamos anunciado, anteriormente, o passamento de importantes figuras do mundo
cultural e político do Rio Grande do Sul e nós queremos lembrar, também, o
passamento do ex-Deputado Leocádio Antunes.
A
Vera. Clênia Maranhão está com a palavra em Comunicação de Líder.
A SRA. CLÊNIA MARANHÃO: Sr. Presidente, Sras. Vereadoras, Srs.
Vereadores, eu retomo nesta tribuna o tema que está sendo debatido nesta manhã,
e que ocupou grande parte dos debate da imprensa no dia de ontem e continua
sendo pauta durante esta manhã. A Bancada Estadual do PMDB, fundamentalmente,
Deputados vinculados em Porto Alegre, com o apoio da Bancada dos Vereadores do
PMDB nesta Câmara, respondendo na nossa avaliação, a uma demanda que tem sido
freqüente em nossos gabinetes, trazida por lideranças comunitárias do nosso
Município que freqüentemente reclamam de que apesar de estarem acompanhando
sistematicamente, durante muitos anos, as reuniões do Orçamento Participativo,
que são coordenadas pela Prefeitura Municipal de Porto Alegre, as comunidades
não têm sido atendidas em relação às questões que têm sido elencadas,
priorizadas e prometidas pela Prefeitura. Isso representa uma posição contrária
à versão oficial apresentada à sociedade porto-alegrense, através dos programas
oficiais da Prefeitura, fundamentalmente, através do “Cidade Viva”.
Considerando
essas reclamações da comunidade, fizemos essa revista para permitir à população
uma versão que não seja a oficial, mas que corresponda à atual situação do
não-cumprimento das demandas da população de Porto Alegre pelo Município.
Esperamos, com isso, contribuir para a transparência do serviço público. Uma
contribuição ao acompanhamento das ações do Executivo, cumprindo assim com a
nossa responsabilidade pública de Vereador, de Vereadora e de cidadãos.
A
nossa surpresa com a sistematização desses dados foi muito grande, apesar das
freqüentes denúncias que chegam ao nosso gabinete, porque constatamos que têm
regiões do Estado e regiões da Cidade onde o cumprimento das demandas não
chegou sequer a 10%. Através desse trabalho nós queremos, inclusive, reafirmar
a idéia que temos defendido, que tem sido trazida nesta Casa, fundamentalmente
através do Projeto do Vereador Isaac Ainhorn, que é a necessidade da
regulamentação do sistema de participação da população na definição do
orçamento. Quero reafirmar que considero fundamental que a população possa
optar e controlar as decisões do orçamento. O que nós não concordamos é com o
fato de que hoje existem duas versões. Uma é a realidade da Cidade de Porto
Alegre, uma realidade em que, por exemplo, na Vila Bom Jesus, na Lomba do
Pinheiro, no Partenon, na Restinga, as obras, que foram, há anos, colocadas
como prioridade, não estão sendo cumpridas. É o caso das várias fotos que nós
apresentamos através da revista que distribuímos a partir do dia de ontem.
Nós
queremos, com isso, mostrar que, na verdade, tem uma Porto Alegre com sérios
problemas de infra-estrutura, de habitação, de falta de saneamento básico e que
tem uma versão que é dada através do “Cidade Viva” que, na verdade, não é real
e não corresponde aos reais problemas que Porto Alegre enfrenta.
Acho
que, com isso, nós trazemos para esta Casa uma responsabilidade pública,
principalmente, porque, no mês de abril, o Sr. Prefeito Municipal esteve nesta Casa dizendo que a Prefeitura tinha um
superávit de mais de R$ 24 milhões. Esse documento prova que as obras, que
foram demandadas aqui, custariam R$ 23 milhões. Então, ao invés de a Prefeitura
usar esses recursos para o atendimento das necessidades das comunidades, não
foi atendido, não foi usado.
Eu
quero sugerir aos Srs. Vereadores que possamos, para tirar a comprovação desses
fatos, visitar as obras que aqui são citadas para que não haja nenhuma dúvida
de que esse instrumento é um relato da realidade e não um instrumento
partidário ou de interesses eleitorais. Muito obrigada.
(Não
revisto pela oradora.)
O SR. PRESIDENTE: O Ver. Guilherme Barbosa está com a
palavra para uma Comunicação de Líder.
O SR. GUILHERME BARBOSA: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, quero
comentar primeiro a fala do Ver. Cláudio Sebenelo e relembrar ao Vereador, à
Casa e àqueles que nos escutam que, em maio, o Sr. Secretário da Saúde se
dirigiu a esta Casa propondo uma data -
e eu fui o transmissor desse pedido - para trazer a prestação de contas no
Plenário da Câmara de Vereadores.
O
Ver. Cláudio Sebenelo, que é um homem muito inteligente, fez uma consulta e
registrou que exigia o cumprimento da Lei e que deveria ser audiência pública.
Pois bem, a audiência publica foi cumprida, rigorosamente, publicado o edital
nos jornais Zero Hora e no Diário de Porto Alegre no dia 04 de junho. A
audiência foi cumprida rigorosamente. Inteligente demais, às vezes, se
atrapalha.
Com
relação ao debate do Orçamento Participativo, é preciso dizer a verdade, é uma
revista que tenta ser não-partidária, aparentemente, discutir a questão do
Orçamento. Não-partidária, elaborada pelo PMDB. Os nossos números, os números
da Prefeitura Municipal de Porto Alegre, da Administração Popular, que esta
Cidade conhece há onze anos e meio e cada vez mais vai às reuniões do Orçamento
Participativo, a cada ano mais pessoas vão. Portanto, é um processo de
credibilidade crescente. Obras de 1996, executadas e em execução: 96% das
obras; número completamente diferente do caderninho. Não sabemos de onde eles
tiraram esses números aqui. E os 4% que não foram realizados, não estão sendo,
são todas obras de regularização fundiária por problemas judiciais nas áreas
escolhidas para essas obras. Número de 97, obras executadas ou em execução:
93%, número muito diferente desse apresentado por esse levantamento que não se
sabe de onde veio. Número de 98, executado ou em execução: 76%. Falta,
portanto, 24%. Nesta sexta-feira a SMOV já está abrindo licitação e é
praticamente em obras de pavimentação, a SMOV está abrindo licitação,
praticamente, para a metade das ruas que faltam. Problemas de falta de
financiamento de organismos financeiros, que costumam emprestar para a
Prefeitura, que ficaram trancados de financiarem em face da decisão do Governo
Federal, Governo este composto e apoiado pelo PMDB - uma parte é. A Prefeitura
publicou há poucos dias a comemoração, entre aspas, de um ano de fechamento de
financiamento da Caixa Federal, do BNDES às Prefeituras e para os Estados. Mas
pode dar financiamento para as empresas privadas. O Jornal do Brasil trouxe
essa matéria do Sr. Sérgio Cutolo, de passado um pouco suspeito, dizendo que
não tem por que repassar dinheiro para os municípios e Estados, que eles estão
impedidos de passar, têm problemas, mas vão passar tudo para a iniciativa
privada, inclusive, no setor de saneamento. Essa é a realidade, essa é a
verdade que a Cidade tem que conhecer.
Tanto
são números quentes que o Prefeito, em ato político forte, que alguns não
gostam, disse: “Se provarem que 10% daquilo que é compromissado com a
comunidade não está feito, eu renuncio”.
Agora,
vamos ter a contrapartida, os deputados esses que são tão estudiosos mas, como
se vê, muito ruinzinhos no estudo, não se comprometeram, escaparam pela
tangente. É um ato político forte como esse do Prefeito quando disse: “Se
provarem que 10% do que nos comprometemos a fazer não foi feito, estou fora da
Prefeitura”. Para mostrar a seriedade com que nós vemos o Orçamento
Participativo.
Tudo
que entra no caderninho, o qual é distribuído para a comunidade inteira, vai
ser feito.
Esse
caderninho também está cheio de erros, cito alguns deles: conjunto habitacional
Pampa - Humaitá/Navegantes, já em execução; diz que a rede elétrica na Cefer II
não foi construída, já foi construída há tempo; condomínio Lupicínio Rodrigues,
aqui perto, atrás do Tesourinha, em andamento; pavimentação na Ponta Grossa, em
andamento desde o dia 22 de março.
Acusaram
a Dona Geni, uma senhora de quase setenta anos, participante do Orçamento
Participativo de Belém Novo, de ser funcionária da Prefeitura.
Ora,
vamos poupar também a honra e a dignidade das pessoas. Estão todos aqui esses
erros, alguns que pensei, rapidamente.
Como
disse algum meio de comunicação, repito aqui: “A montanha pariu um rato”. Muito
obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE (Adeli Sell): Solicito ao Vereador Juarez Pinheiro que
assuma a presidência dos trabalhos.
O SR. ADELI SELL (Requerimento): Sr. Presidente, hoje nós temos poucos
Requerimentos na Pauta. Eu pediria a inversão na ordem dos trabalhos para
entrarmos, imediatamente, no período de Comunicação.
O SR. PRESIDENTE (Juarez Pinheiro): Solicito ao Ver. Adeli Sell que converse
com a Diretora Legislativa, pois há um Expediente sobre o assunto, para ver se
confirma o Requerimento de V. Exa.
Estão
suspensos os trabalhos.
(Suspendem-se
os trabalhos às 10h38min.)
O SR. PRESIDENTE (às 10h39min): Estão reabertos os trabalhos.
Sobre
a Mesa um Requerimento do Ver. Adeli Sell solicitando a inversão da ordem dos
trabalhos, colocando em primeiro lugar o período de Comunicações.
Em
votação o Requerimento do Ver. Adeli Sell. (Pausa.) Os Srs. Vereadores que o
aprovam permaneçam sentados. (Pausa.) APROVADO.
Passamos
às
Peço
que o Ver. Isaac Ainhorn, que permanece na Secretaria, que nos informe a ordem
das Comunicações para o dia de hoje.
Primeiro
Vereador inscrito, no sentido Z a A, no período de Comunicações é o Ver.
Reginaldo Pujol, que está ausente.
Havendo
dúvidas quanto à ordem dos Vereadores inscritos para Comunicações, suspendemos
os trabalhos.
(Suspendem-se
os trabalhos às 10h40min.)
O SR. PRESIDENTE (às 10h40min): Estão reabertos os trabalhos.
Temos
a informação da Diretora Legislativa de é que a ordem é de A a Z, neste sentido
o primeiro Vereador inscrito no período de Comunicações é o Ver. Adeli Sell,
por dez minutos.
O SR. ADELI SELL: Sr. Presidente, Sras. Vereadoras, Srs.
Vereadores, eu gostaria de apresentar uma série de questões que dizem respeito
à nossa Cidade e ao nosso Estado.
Em
primeiro lugar quero referendar as palavras do Líder da minha Bancada, Ver.
Guilherme Barbosa, acerca da audiência pública realizada aqui nesta Casa, neste
recinto, na semana passada, pelo Sr. Secretário Municipal da Saúde. Estivemos
presentes, havia várias pessoas presentes.
Como
já foi dito, todos os Vereadores recebem, quotidianamente, o Diário Oficial
do Município, recebem três jornais da
Capital e lá estava a convocação. Aqui houve a apresentação de todas as
questões pertinentes à Secretaria da Saúde. Primeiro ponto claro e cristalino.
Quero
também me referir às questões levantadas pelo Ver. Carlos Alberto Garcia. Somos
conhecedores do empenho do Vereador, para que algumas atividades da FESC fosse
assumidas pela Secretaria Municipal de Esportes. Algumas atividades começam a
ser assumidas, os Centros Comunitários que têm, fundamentalmente, atividades de lazer esportivas, portanto, de
responsabilidade da Secretaria Municipal de Esportes. E cremos que esta
iniciativa, esse convênio Secretaria Municipal de Esportes e FESC, é
importante, sabemos do empenho que V. Exa. sempre teve para que essa questão
fosse assumida por essa Secretaria.
Eu
acredito, Ver. Carlos Garcia, que devemos fazer um movimento muito forte na
nossa Cidade, não apenas através da Secretaria Municipal de Esportes, mas temos
no Estado o Departamento Estadual de Esportes que, recentemente, em
convênio com a municipalidade assumiu a
antiga Doca Turística, um lugar que estava, infelizmente, abandonado. Houve até
tentativa de negociar com a iniciativa privada para ali haver um restaurante,
um local de convívio. Essa experiência, infelizmente, não deu certo. No entanto
o Departamento de Esportes está trabalhando esse local e ali nós teremos a
ponta de lança de um trabalho do Departamento de Esportes do Estado em relação
aos esportes náuticos que, na minha opinião, não teremos apenas um elemento
importante de esportes, mas também para o turismo na nossa Cidade, porque
sabemos que é um esporte que atrai um contingente cada vez maior de pessoas.
O Sr. Carlos Alberto Garcia: V. Exa. permite um aparte? (Assentimento
do orador.) Em relação ao Parque Náutico, estamos fazendo parte da comissão
como representante da Associação dos Profissionais de Educação Física, em
reuniões que ocorrem quinzenalmente. Amanhã teremos uma reunião com a Fundação
Zoobotânica, que hoje tem uma casa que os escoteiros ocupam, e serão
transferidos para o Clube Barroso, e esse local também ficará à disposição
Parque Náutico. Tenho acompanhado, de perto, o empenho, inclusive até a
possibilidade de colocação de uma nova linha de ônibus, porque centenas de pessoas
do entorno serão beneficiadas, e, certamente, esse projeto trará muitos
estudantes, e a utilização das raias náuticas ocuparão novamente o espaço.
O SR. ADELI SELL: Muito obrigado, Ver. Carlos Alberto
Garcia, nós acreditamos que é uma iniciativa extremamente importante. Gostaria
de me referir à discussão que tomou conta do noticiário, sobre a apresentação
de um caderno dos Deputados da Bancada do PMDB, Berfran Rosado e Mário
Bernd.
No
ano passado, eu, como Presidente da Comissão de Economia, Finanças e Orçamento,
e, há dois anos e meio, participando ativamente dessa Comissão, gostaria de
desafiar os órgãos de comunicação e aqueles que tenham dúvidas sobre o
orçamento da Prefeitura Municipal de Porto Alegre, na realização de suas obras.
Nós temos o prazer de abrir as salas da CEFOR, hoje dirigida pelo meu colega de
Bancada, Ver. João Motta, para que todos os documentos possam ser consultados.
Os documentos oficiais que temos nesta Comissão contraditam várias e várias
questões colocadas nesse documento; os números, na sua grande maioria, não
condizem com os documentos oficiais.
Nesse
sentido, o desafio lançado pelo Prefeito Raul Pont publicamente que, se esses
dados fossem verdadeiros, ele renunciaria. Posso garantir ao Prefeito Municipal
Raul Pont, V. Exa. não renunciará, porque os dados apresentados no caderno dos
Deputados não estão corretos. Se alguém tiver dúvidas, esta Casa tem um
Regimento aberto. Os documentos estão franqueados na sala da Comissão de Economia, Finanças e Orçamento, terceiro andar
desta Casa - somos membro dessa Comissão -, para toda e qualquer consulta. E lá
encontrarão números diferentes daqueles que foram arrolados nesse documento.
Também,
como militante do Partido dos Trabalhadores, como um dos seus organizadores no
Estado do Rio Grande do Sul, membro do Diretório Nacional e, por quinze anos
membro da Executiva Estadual, gostaríamos de esclarecer algumas questões.
Alguns setores teimam em colocar, publicamente, questões que não são posições
nossas e me posições internas do nosso Partido. Somos militantes, vanguarda do
Partido dos Trabalhadores, e sustentamos, tanto o Governo Municipal quanto o
Governo Estadual, somos parte integrante e damos a mais ampla sustentação.
Todas as propostas que fizemos são no sentido para que avancemos cada vez mais
no nosso projeto. E quero, inclusive, relatar brevemente a questão do Orçamento
Participativo que se realiza no interior do Estado. Lastimo que alguns
Vereadores que se confrontam sistematicamente com a nossa abordagem democrática
do orçamento participativo não estejam neste momento aqui. Porque na região
celeira onde estive, um ex-vice-prefeito, militante de proa do PPB, é
conselheiro do orçamento participativo - não é delegado, dos seis, da região,
ele é conselheiro. Ele tem ficha partidária, historicamente do PPB e já foi
vice-prefeito de uma cidade da região. Isso vem mostrar, clara e objetivamente,
que temos razão quando divulgamos e insistimos em manter o Orçamento
Participativo. Lá há lugar para todas as
posições, absolutamente todas, e aqueles que têm divergência conosco, lá
no interior estão participando do Orçamento Participativo. Não é do PT, é um
instrumento que o nosso Governo coloca à disposição da sociedade, e a sociedade
se organiza e participa dessa maneira Ver. Décio Schauren, Vera. Maristela
Maffei, é uma amostra contundente de que o Orçamento Participativo é
referendado dessa maneira por forças políticas, que os seus representantes aqui
teimam em debater e se confrontar com as nossas posições.
Mesmo
com a posição da Justiça, que respeitamos, da não-utilização das estruturas
públicas para o orçamento, é legítimo, mas respeitamos a Lei criando mecanismos
na população, com a população, independente de partido político, para que as
comunidades se organizem e disputem. Conheço muitas cidades nas quais o meu
Partido e os seus militantes de proa defendiam uma posição, uma determinada
prioridade, perdemos votações, isso significa que o orçamento é democrático é
plural.
Era
isso que eu gostaria de deixar registrado. Bom dia.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE (Nereu D’Ávila): O
Ver. Carlos Alberto Garcia está com a palavra em Comunicações.
O SR. CARLOS ALBERTO GARCIA: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, este é
um dos melhores momentos da Câmara: o recesso, o momento em que se pode fazer a
discussão. Muitas vezes, no dia-a-dia, nós não temos a condição de falar sobre
determinados assuntos porque ficamos restritos à Pauta, embora, como Líder da
Bancada tenhamos, em cada Sessão, o direito de falar cinco minutos.
Gostaria
de trazer à reflexão dos colegas Vereadores um assunto relativo à questão
inflacionária, à questão dos índices inflacionários que ocorrem no nosso País.
É algo estranho, porque as coisas sobem no dia-a-dia e a inflação continua
zero, às vezes até negativa. Por exemplo, o preço dos remédios no nosso País
subiu, neste ano, 25%. Sabemos da dificuldade da população brasileira,
principalmente a população de terceira idade, que necessita, diariamente, do
seu remédio e não tem poder aquisitivo para comprá-lo. Basta visitar qualquer
farmácia e levar um remédio que foi comprado no espaço de tempo entre 60 ou 90 dias, e vamos verificar que o mesmo
remédio adquirido hoje, subiu, em média, 25%. Esse fato é concreto e real.
Vamos
continuar viajando um pouco nessas questões inflacionárias. Quem anda de carro,
tem que colocar gasolina. Neste ano, os combustíveis já subiram 40%. As pessoas
que andam de automóvel constatam isso diariamente. Imaginou-se, num primeiro
momento, que a livre concorrência, tão decantada, faria com que os preços
baixassem, mas isso não ocorreu. Verificamos que através do monopólio e
oligopólio, os preços concentraram-se nos patamares mais altos, não permitindo
que houvesse um decréscimo.
O
preço das tarifas de táxi, em Porto Alegre, subiu também. Há um detalhe
importante nesse fato: os próprios motoristas não querem o aumento. São os
paradoxos da situação atual. Eles não
querem o aumento porque, com os valores atuais, já há dificuldade para
conseguir passageiro, imaginem se sobe mais ainda essa tarifa?
Todos
os dias somos obrigados a conviver com a questão da energia elétrica. A tarifa
da energia elétrica em nosso País subiu 10%, fazendo com que todos os meses a
população tenha esse acréscimo.
Há
necessidades básicas e vitais de consumo diário para atender às nossas
necessidades de sobrevivência como, por exemplo, o leite. O preço do leite, nos
últimos quarenta dias, subiu 10%.
Fiz
alguns exercícios para tentarmos fazer uma discussão. Se o remédio sobe 25%; a
gasolina, 40%; a energia elétrica, 10%; o leite, 10% - e Porto Alegre teve um
índice como cidade mais cara do País no mês passado - a culpa foi do tomate. A
ampla divulgação, em todos os jornais do nosso País, foi que o tomate é o
causador desse alto índice da nossa Cidade. A grande realidade é que os
institutos dizem que não há inflação. Mas sabemos que, no dia-a-dia, o poder aquisitivo da sociedade brasileira
está diminuindo.
Vou
comentar alguns dados colocados por alguns economistas. O economista Ricardo
Franzoi, Supervisor Técnico do DIEESE, explica que, entre os trezentos e vinte
produtos e serviços pesquisados no índice do custo de vida, 70% concorrem entre
si, 10% são tarifas públicas monopolizadas e 20% produtos de setores
oligopolizados, com preços administrados, como remédios, automóveis, leite,
combustível. Como a massa salarial total do País está-se reduzindo em função do
desemprego provocado pela recessão, cada vez que os produtos de consumo
obrigatório são aumentados, a população reduz, por falta de dinheiro, as
compras dos demais produtos que compõem o índice.
Acho
que o economista consegue detectar aquilo que a população, sem entender nada de
economia, entende no bolso, ou seja, a cada dia que passa, que ela vai no
armazém ou no supermercado, tem que comprar menos, e comprar menos significa,
muitas vezes, deixar as pessoas com fome.
Nunca,
neste País, houve tantos desempregados. Imaginem, os senhores e as senhoras,
que uma pessoa acima de quarenta anos, quando perde seu emprego, está levando,
em média, cinqüenta e três semanas para conseguir um novo emprego. As pessoas
abaixo de quarenta anos, quando perdem os seus empregos, estão levando, em
média, trinta e seis semanas para conseguir um novo emprego. Além disso, o
salário médio da população brasileira, de 1997 para 1998, teve uma redução de
3,5%, ou seja, além de não serem oferecidos novos empregos, os que são
oferecidos são por salários mais baixos. Vamos exemplificar: se uma empresa “A”
tem um funcionário ganhando mil reais, ela o demite e contrata outro por um
salário de oitocentos reais, por exemplo. Essa tem sido a tônica de todos os
segmentos, ou seja, as novas ofertas de empregos neste País estão sendo
oferecidas com salários mais baixos.
Não
existe política pública em nosso País de incentivo à geração de emprego. O que
vamos fazer com toda essa massa trabalhadora de jovens que querem ingressar no
mercado de trabalho, vendo, no seu dia-a-dia, seus pais e irmãos desempregados?
Pior, eles não têm perspectivas de obter um novo emprego! Não há perspectivas
de geração de emprego; as famílias estão perdendo seus empregos; os remédios, a
gasolina, energia elétrica e o próprio leite subindo; e os índices são de
inflação zero ou negativa?! Agora sabemos: o que está ocorrendo é que a
população não consegue comprar.
O
que temos que fazer é discutir políticas públicas de geração de emprego para
fazer com que a sociedade, como um todo, possa, pelo menos, adquirir as suas
necessidades básicas. Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: O Ver. Cláudio Sebenelo está com a
palavra em Comunicações.
O SR. CLÁUDIO SEBENELO: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, as
informações são tão concentradas na Palácio Piratini que os militantes do PT
não conhecem o que se passa no governo.
O
Governo do PT esqueceu o seu partido. Há um questionamento muito forte do
Partido dos Trabalhadores acerca da Secretaria da Fazenda, do Secretário Arno
Augustin e da Secretaria de Desenvolvimento, de Zeca Moraes. É necessário sair
do isolamento e se comunicar com todos os setores da sociedade, senão o Governo
Olívio Dutra está fadado a ser uma “Alice no País das Maravilhas”. É totalmente
equivocada a tática de romper com a União no primeiro mês de governo, pela via
jurídica, transformando o Procurador-Geral na “eminência parda” do Governo. Há
uma falta de clareza do Governo nas negociações com a Ford, especialmente
quando diz que o Governo só daria dinheiro para quem precisasse e, ao mesmo
tempo, oferecia setenta milhões de capital de giro e três bilhões de isenções.
Há
uma falha na coordenação do Governo do Estado que exclui, inclusive, os líderes
de primeira grandeza do partido. Isso não é dito por mim, isto é só lido, nesta
tribuna, por este Vereador. Isto é dito pelo PT Amplo e Democrático.
Acho
que uma das coisas mais saudáveis que existe é este insight que faz o Partido, ele mesmo, com crítica do Dep. Ivar
Pavan, dizendo que não se podem dar elementos para a oposição. Mais uma vez eu
pergunto: E a transparência? Agora, será totalmente desmentido. E essa bravata
primária, beirando a simploriedade, de “se estiver certo eu rasgo o meu
diploma, eu largo o governo, eu renuncio”, ora, isso beira o pueril, porque
mandato não é para ser renunciado. O que tem que ser provado é que o que está
na revista do PMDB está errado. Isto é que tem que ser feito. Nesta revista,
nós vemos o quanto o Partido dos Trabalhadores, de maneira hábil, de maneira
inteligente, e até de maneira esperta, faz do Orçamento Participativo um comitê
eleitoreiro do Partido dos Trabalhadores, e principalmente um braço que garante
por tantos anos a sua permanência no poder. Está desvendado o segredo, e vamos
ver isso nas próximas eleições.
Gostaria
de aproveitar esta tribuna e não perder mais tempo, depois deste
desmascaramento público propiciado pelo trabalho do Partido do Movimento Democrático
Brasileiro, onde o Partido dos Trabalhadores vê colocado com toda explicitude e
nudez um problema que é explorado, porque falamos de duas cidades: a Cidade de
Porto Alegre e uma outra cidade, fantasiosa, idealizada, que é o tal de “Cidade
Viva”, que diz que “graças a Deus, na Assis Brasil está tudo bem agora, porque
pagamos um preço e o preço da melhora foi esse tempo que levaram as obras,
mas agora está tudo bem na Assis
Brasil”. Por favor, não somos ingênuos para acreditar que as obras estejam em
ritmo acelerado. Visitem a Av. Assis Brasil para ver o que está havendo neste
momento, onde a possibilidade do término das obras ainda é remota. Vemos este
tipo de propaganda em que o Partido dos Trabalhadores é mestre em fazer, é
competente nesse marketing perfeito -
e isso é um elogio e não uma crítica - que transforma Porto Alegre numa cidade
utópica, mas que, por ser utopia, está muito distante da nossa realidade.
Quero,
no final deste pronunciamento fazer um registro de grande preocupação social,
que diz respeito à morte de uma pessoa e ao estado gravíssimo de três,
desesperador, internadas no Hospital de Pronto Socorro, com queimaduras por
todo corpo, em acidente ocorrido no hangar da VARIG. Ontem, na Zona Norte de
Porto Alegre, dois operários, ao abrirem um depósito aspiraram substâncias,
gases emanados de impermeabilizantes e ocorreu óbito de duas pessoas. Nós temos
um recorde estatístico fatídico neste País, o número de acidentes de trabalho
está cada vez nos assustando mais, nós já passamos de um milhão de acidentes de
trabalho. Nós temos este recorde e acho que por mais que façam campanhas, assim
como o desafio do trânsito é um desafio terrível para a nacionalidade, nós
temos o problema do acidente do trabalho. Realmente, não quero só causar consternação:
acho que precisamos de legislação para isso e mesmo que haja uma preocupação
federal, legislação federal, institutos voltados para o acidente do trabalho,
como a carteira de acidente do trabalho da Previdência Social. Hoje nós temos
uma preocupação muito grande com este tipo de acidente, mais do que pode ser
prevenido, ele representa um desafio a todos nós brasileiros que enfrentamos as
dificuldades da proteção individual nesse tipo de acidente. Nós enfrentamos uma
certa insensibilidade em relação a uma estatística que está crescente e nós
temos que tomar todas as providências, mas especialmente no sentido da
prevenção. Parece-me fundamental que a prevenção do acidente do trabalho deva
haver, mesmo com a criação do SIMPA, mesmo com a conscientização dos
trabalhadores, só dessa forma nós teremos a prevenção desse tipo de acidente,
que atinge um número de vítimas que está-se tornando incalculável no País.
As
estatísticas demonstram que nós estamos dobrando mais de um milhão por ano de
acidentes do trabalho, alguns de prevenção extremamente fácil. Por exemplo,
esse acidente da explosão no hangar da VARIG: necessitavam de roupas
impermeabilizantes, roupas condicionadas a altas temperaturas, porque o uso de
explosivos, o uso de substâncias
inflamáveis e gases tóxicos fizeram vítimas.
Parece-me
que é mais um brado de alerta para que o processo de prevenção de acidente do
trabalho se desenvolva cada vez mais. O trabalhador tem que ser educado no
sentido da prevenção. Mesmo que se desprezem as chances pequenas de possibilidade de acidentes, mesmo assim eles
ocorrem e nós não podemos relaxar.
Temos
que, cada vez mais, buscar as formas de proteção no trabalho e equipamentos de proteção que façam com que
essas pessoas, mesmo ocorrendo sinistros, tenham minimizadas as suas lesões.
Não podemos aceitar a intensidade com que vêm ocorrendo esses acidentes e, mais
do que isso, a perda de vidas preciosas por falta de um cuidado maior. Muito
obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: A Vera. Clênia Maranhão está com a
palavra, em Comunicações.
A SRA. CLÊNIA MARANHÃO: Sr. Presidente, Sras. Vereadoras, Srs.
Vereadores, eu queria, inicialmente, lembrar um fato de extrema importância que
está acontecendo em nossa Cidade, que é a realização, em Porto Alegre, da SBPC,
o Congresso da Sociedade Brasileira para o Desenvolvimento da Ciência, que este
ano acontece na PUC e tem atraído a presença, não apenas de cientistas,
pesquisadores, intelectuais, mas também da juventude.
É
um evento que pautou como questão central a questão do MERCOSUL, mas que tem,
por aquilo que nós temos conseguido acompanhar, sido um palco fundamental da
discussão, tão atual, sobre os transgênicos e sobre tantos outros temas, em
relação à ciência e à tecnologia no Brasil. E a larga tradição da SBPC nos faz
sempre pensar que a sua realização é também um instrumento de luta contra ações
obscurantistas e de incentivo à crença de que a ciência é fundamental para a
garantia da melhor condição de vida de qualquer população do mundo.
Eu
queria retomar aqui, ainda que rapidamente, a discussão, que foi muito forte
aqui nesta manhã, sobre essa decisão - apoiada pela Bancada do PMDB de Porto
Alegre, mas garantida pela Bancada de Deputados Estaduais do PMDB -, organizada
fundamentalmente pelos Deputados com base eleitoral em Porto Alegre, que
resultou na publicação da revista “Orçamento Participativo 98: Manipulação da
Vontade Popular”. Esse documento nada mais é do que a sistematização do
conjunto dos dados que estão presentes em documentos distribuídos pela
Prefeitura Municipal de Porto Alegre. São documentos e dados da Prefeitura,
distribuídos naquela “cartilhinha” que é apresentada a menos de 2% da população
que participa das reuniões do Orçamento Participativo.
Quero
reafirmar que qualquer iniciativa de qualquer governo, de sair dos seus
gabinetes para discutir o orçamento com a população, tem que ser considerada
uma atitude extremamente importante, porque a luta pela democracia, a garantia
do procedimento democrático passa efetivamente pela participação da população
em todas as decisões de governo e fundamentalmente pela aplicação dos recursos
financeiros, que é dinheiro público. O que se questiona não é esse
procedimento. Pelo contrário; o que nós questionamos aqui é o falseamento da
verdade. Menos de 2% da população de Porto Alegre participa das decisões do
Orçamento Participativo. Portanto, o pensamento daqueles 2% necessariamente não
representarão o pensamento do conjunto da população de uma Cidade de mais de um
milhão de habitantes.
Questionamos
se é justo que a população de Porto Alegre acredite, na versão que é dada pelo
programa chamado “Cidade Viva”, que apresenta uma Cidade modelo, um paraíso
virtual e onde todas as demandas apresentadas pela população, 2% no máximo da
população, são atendidas.
Nós,
enquanto Vereadores, achamos que não é justo, não é legítimo que a população
tenha uma visão enganosa de sua própria Cidade e que ela seja enganada por uma
propaganda oficial da Cidade. Achamos que cumprimos com a nossa
responsabilidade pública, porque durante muitos anos recebemos em nossos
gabinetes lideranças comunitárias extremamente angustiadas, porque o esgoto
continua em céu aberto na sua vila, porque o programa habitacional da habitação
popular não foi cumprido em sua comunidade, apesar de ele ter participado,
durante muitos anos, das reuniões do chamado Orçamento Participativo. Achamos
que era a hora de sistematizarmos os fatos das dezesseis regiões básicas da
Cidade como uma forma de apresentar aos Vereadores um instrumento que permita
um melhor acompanhamento desta Casa das decisões que essa parcela da população
apresenta e que a Prefeitura, insistentemente, através do 1,5% do orçamento da
Cidade que é usado para publicidade, apresenta como cumprimento total dessas
decisões.
Nós,
inclusive - para evitar essa confusão que pode ser gerada na população no sentido de serem verdadeiros ou
não os dados aqui apresentados, se essas fotos que mostram esgotos em céu
aberto e a falta de saneamento são verdadeiras ou não - podemos ir a esses
lugares para verificar se, efetivamente, essas populações, muitas das quais há
3 ou 4 anos, já fizeram essas solicitações, ainda não foram atendidas, se essas
comunidades estão ou não falando a verdade quando vêm aos nossos gabinetes
reivindicar que essas obras sejam finalmente cumpridas. Por isso, achamos que
era nossa obrigação trazer a público essas questões, porque a comunidade tem
nos procurado para isso e nós, Vereadores, somos, na verdade, os interlocutores
da vontade da população, pelo menos é assim que devemo-nos considerar: os
representantes dos interesses dos eleitores, dos moradores de Porto Alegre que
elegeram o conjunto dos 33 Vereadores das diversas Bancadas desta Casa.
Nós
mostramos nesse documento que a soma dos recursos que deveriam ser colocados para
resolver o problema da saúde, do saneamento básico, da moradia, do
asfaltamento, chegaria a 23 milhões de reais, conforme os próprios documentos
oficiais da Prefeitura. Se o próprio Prefeito colocou que sobrou mais de 24
milhões de reais, quando esteve aqui no mês de abril, como é que nós podemos
aceitar uma visão que, na verdade, é uma visão monetarista, que apresenta como
positivo o dinheiro que sobra nos cofres públicos, quando a população da Cidade
reclama e reivindica que a obras que ela exigiu nas suas comunidades sejam
cumpridas? Na verdade, nós cumprimos o nosso papel, mostramos uma realidade,
sistematizamos os dados, apresentamos para a Casa, divulgamos através da mídia.
Essa é a discussão, esse é o caminho que nós achamos, que devemos fazer, é a
transparência, é a colocação para a sociedade da verdadeira realidade, da
verdadeira situação de problemas extremamente graves que vive Porto Alegre,
porque senão o nosso Estado vai ter uma idéia falsa, uma idéia ilusória, uma
idéia apenas construída a partir da propaganda paga, da publicidade oficial que
é apresentada nos meios de comunicação. Eu acredito que dentro dessas questões
mais graves que afetam a população de nossa Cidade, estão as questões de
habitação e as questões da saúde da população.
Por
anos a fio, nós ocupamos esta tribuna para expressar a nossa preocupação com a
proximidade do inverno e com a falta de uma política preventiva forte em Porto
Alegre que viesse a desobstruir as emergências e que viesse a permitir com que
as comunidades fossem atendidas nos postos de saúde. Agora, neste ano, a
situação de Porto Alegre é agravada. Evidentemente que há uma crise nacional da
saúde. O preço pago pelo serviço de saúde é extremamente insignificante. A luta
que todos os Deputados, envolvidos, comprometidos com a área da saúde têm feito
no Congresso Nacional é extremamente importante.
Porém,
para concluir Sr. Presidente, quero dizer que também é responsabilidade nossa,
além de denunciarmos essa crise nacional, denunciarmos a grave situação de
atraso e de falta de repasse dos recursos de saúde para o interior do Estado,
que tem agravado a situação da ambulancioterapia, que tem feito com que,
infelizmente, os doentes do interior tenham, mais do que nunca, que se deslocar
para Porto Alegre, piorando a situação da nossa Cidade.
A
nossa luta tem que ser também para o repasse dos recursos públicos para todos
os municípios do interior que estão já no prazo e que não receberam. Muito
obrigada.
(Não
revisto pela oradora.)
O SR. PRESIDENTE (Adeli Sell): O Ver. Décio Schauren está com a palavra
para uma Comunicação de Líder.
O SR. DÉCIO SCHAUREN: Sr. Presidente, Sras e Srs. Vereadores,
eu não recebi o tal caderninho publicado pela Bancada do PMDB da Assembléia
Legislativa sobre o Orçamento Participativo, mas consegui um emprestado de
outro Vereador.
Quero
dizer que, talvez, a Bancada do PT não tenha recebido, porque, com certeza,
estão pensando que, muito ligeiro, nós vamos descobrir a cascata que é essa
coisa que foi publicada pela Bancada do PMDB.
Outra
coisa, se fosse tão sério e honesto, pelo menos colocaria na frente que é uma
publicação do PMDB, porque fizeram um caderninho com uma capa absolutamente
parecida com um da Prefeitura para confundir as pessoas.
Só
que quando vamos olhar esse caderninho, está lá no finzinho dizendo que é do
PMDB.
Eu
penso que se a população receber esse caderninho, muito ligeiro, vai-se
espantar ao ver obras concluídas há muitos anos dizendo que não estão
concluídas.
E eu quero dizer que a coisa é tão falsa como
essa foto da Volta da Cobra que está aqui dentro, na pág. 32. Mas, Srs.
Deputados do PMDB, a Volta da Cobra faz muito tempo que não tem mais esse nome
e foi ainda pavimentada quando tinha essa denominação. Hoje se chama Rua José
Fernandez, segundo escolha da maioria absoluta dos moradores daquela rua.
Foram
seiscentas assinaturas que vieram aqui para esta Casa, e eu tive a honra de ser
o autor do Projeto que os moradores escolheram.
Essa
rua está pavimentada há muito tempo, mas tem uma foto anterior à pavimentação,
deve ser uma foto de dez anos atrás.
Então,
proponho, se os Vereadores tiverem dúvidas, que façamos uma visita à antiga Volta da Cobra, atualmente José
Fernandez, levando a imprensa junto para documentar se aquela rua está ou não
pavimentada.
Além
do mais, ela não tem só 350 metros, é uma rua de mais de um quilometro. É só
chamar alguém que conhece lá, podemos chamar os moradores para dizer.
Então,
esse caderninho é tão mentiroso quanto esse exemplo que estou dando, aqui.
E
mais, não tive muito tempo para olhar, o fiz durante uns quinze minutos, mas
nesse tempo, pelo menos, nas regiões que mais conheço na Cidade, pois nenhum
Vereador conhece, detalhadamente, toda a Cidade, mas pelo menos nas regiões que
conheço, cito mais um exemplo: na Lomba do Pinheiro, uma obra conquistada pela
Lomba do Pinheiro, que atualmente está na Região Glória, a Estrada Afonso
Lourenço Mariante. Aqui não diz que ela foi pavimentada, que é obra de 98. Que
história é essa? Moro nas proximidades, e a Estrada Afonso Lourenço Mariante
está concluída. Por que nem sequer dizem que foi pavimentada? São,
aproximadamente, dois quilômetros de pavimentação, do antigo asfalto de Belém
Velho, em direção à Lomba do Pinheiro. Está pronto. E digo mais, os moradores
pediram que fosse feito asfalto de estrada, mas a Prefeitura fez mais do que
isso, colocou rede pluvial e meio-fio, porque aquela obra teria em vários
lugares, problemas de desmoronamento do asfalto se não fosse colocado meio-fio
e rede pluvial.
Por
que isto não está dito no caderninho?
Outra
parte da Afonso Lourenço Mariante, da Lomba do Pinheiro em direção a Belém
Velho, são mais 1850 metros, que é do PI de 99 e já está, praticamente, pronta,
com a primeira capa pronta.
Então,
se tem obras atrasadas, com problemas que fogem ao controle da Prefeitura, em
compensação a Prefeitura está adiantando obras onde pode.
Essa
obra, que estou citando agora, foi iniciada em dezembro do ano passado, é do PI
de 99, e está praticamente concluída. Tomara que esse caderninho seja bastante
distribuído entre as pessoas que participam do Orçamento Participativo, porque
vai ter resposta.
O
grande problema dos críticos do Orçamento Participativo é não participar e
querer criticar o que não conhecem. Infelizmente as pessoas deveriam ser um
pouco mais sérias quando vão fazer uma crítica, porque senão o instituto da
crítica vai perder a sua credibilidade. Critica tem que ser com seriedade. Tem que se criticar coisas, quando se
conhece, quando não se conhece é difícil de criticar. Essa história de
chamarmos a imprensa e visitar as obras eu topo. Vamos lá visitar que
desmascaremos esse negócio aqui. Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador. )
O SR. PRESIDENTE: O próximo orador inscrito é Ver. Eliseu
Sabino, que não se encontra no momento.
O
Ver. Guilherme Barbosa está com a palavra em Comunicações.
O SR. GUILHERME BARBOSA: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, na minha
primeira intervenção eu pincei, passei o olho rapidamente e vi vários erros no
caderno, que a gente vê que é meio apócrifo, estranho, está lá atrás escondido
que é da Bancada do PMDB. Não explicita.
Mas
eu já tinha pinçado vários problemas, agora o Ver. Décio Schauren rapidamente
explicitou vários problemas, dados errados, fotos erradas. Estamos vendo que
vai ter uma errata, praticamente do mesmo tamanho do caderno, pelo que está-se
vendo. Claro existem pessoas que não
conhecem a Cidade, pessoas que não andam na Cidade.
E
sobre a fala da Vera. Clênia Maranhão, eu quero colocar que eu acho que é o
centro da intervenção e do debate, que os Vereadores é que são os
representantes dos anseios da comunidade. A oposição, PMDB, PTB, PPB, PSDB, tem
que decidir: são contra ou a favor do Orçamento?
A
fala da Vereadora, para mim, é clara, eles disfarçam dizendo que são a favor, mas eles são contra a participação
popular nas coisas do Executivo. Os Vereadores, ela diz, é que são os
representantes dos anseios da comunidade.
Para
nós, os Vereadores têm um papel importante, e nós candidatamos e cada vez
queremos eleger mais Vereadores, mas para nós a comunidade, ela, sim, é
representante dos seus anseios da comunidade. Para nós, os Vereadores têm um
papel importante, e nos candidatamos para eleger mais Vereadores, mas, para
nós, a comunidade é que é a representante dos seus anseios, e não é à-toa que
um representante da Lomba diz: “É estranho, porque quem leva mais pessoas às
reuniões leva mais obras.” Mas para nós não é estranho, isso é o centro da
nossa visão de organização de sociedade, de cidadania, de mobilização, de
organização. Sem saber, ele nos fez um elogio, disse a verdade, sem saber,
interpretando ao contrário.
A Sra. Clênia Maranhão: Vossa Excelência permite um aparte?
(Assentimento do orador.) Obrigada, Vereador, pelo aparte, quero fazer dois
esclarecimento: esta publicação não é um caderninho, é uma publicação, está
aqui, há um expediente grande na contracapa: “Esta é a publicação da Bancada do
PMDB na Assembléia Legislativa”. Está claro e explícito, não é apócrifo. Em
segundo, Vereador, ninguém vai dizer que eu sou contra a democracia. O
Orçamento Participativo iniciou no Estado de Santa Catarina, no município de
Lages, com um Prefeito do PMDB. O Prefeito, de Recife, Jarbas Vasconcelos, do
PMDB, fez um grande projeto de participação popular em sua gestão, assim como o
Prefeito de Fortaleza. E no Rio Grande do Sul a primeira experiência exitosa, e
muito mais representativa e democrática do que a de Porto Alegre foi a do
Deputado Bernardo de Souza, que era Prefeito do PMDB.
O SR. GUILHERME BARBOSA: Nós nunca dissemos que somos o pai do
Orçamento Participativo, mas sempre dissemos e vamos dizer, cada vez mais, que
nenhuma experiência foi tão longa e profunda como a nossa. Eu sou um dos
Vereadores que quando oposição ao Estado, discuti o Estado, quando continuo
oposição ao Governo Federal, discuto o Governo Federal e alguns inverteram, não
se fala mais nada disso. Eu discuto em todos os níveis, acho que somos
Vereadores de Porto Alegre e cidadãos gaúchos, mesmo que seja de coração como
eu - e brasileiros.
Os
jornais de hoje da nossa Cidade trazem a última pesquisa, realizada pelo Vox
Populi, a pedido da Conferência Nacional dos Transportes, acerca do Governo
Fernando Henrique Cardoso. É uma situação gravíssima, e não vejo o Ver. Cláudio
Sebenelo, que é do PSDB, falar nada sobre
isso. É uma situação gravíssima, a visão do povo com relação ao Governo
Fernando Henrique Cardoso, o desencanto e a desesperança do nosso povo com
relação ao futuro que representa, hoje, esse Governo. Oitenta e oito por cento
das pessoas acreditam que a corrupção e a impunidade estão aumentando no País,
quase a unanimidade dos brasileiros acha que está crescendo, portanto, já
existia e está crescendo. E hoje, a figura do próprio Presidente é envolvida,
se é verdade ou não, uma investigação mais profunda deveria mostrar. Mas até o
Presidente está envolvido com isso, o sistema TELEBRÁS e assim por diante.
Fala-se do Presidente envolvendo-se com a venda das estatais do sistema de
telefonia, e por aí. E 44% das pessoas ouvidas pela Vox Populi acham que, “para
melhorar a sua imagem, Fernando Henrique deve afastar qualquer autoridade do
Governo vinculada à corrupção e mostrar maior empenho em resolver os problemas
sociais”.
Aí
está a dificuldade do Presidente Fernando Henrique em sair dessa situação.
Primeiro, como disse antes, hoje, a imagem do Presidente já está envolvida
nisso. Em segundo lugar, o investimento social que vem caindo cada vez mais, e
só para Porto Alegre foram cortados três milhões em programas para atendimento
das pessoas de rua, atendimento das
pessoas portadoras de deficiência e atendimento a idosos. Mas essa é uma
questão colocada pelo FMI, nós estamos, hoje, sendo governados pelo Fundo
Monetário Internacional; aqui, como Primeiro Ministro, o Sr. Antônio Carlos
Magalhães. O que vai ser? Para manter essa estabilidade falsa da moeda e
salvá-la, o Governo fez um acordo com o FMI em que uma das principais linhas
mestras é o corte em políticas sociais. Só teria uma saída para o Governo
Fernando Henrique Cardoso: ou ele muda o rumo das suas alianças de governo,
portanto, rompe com o FMI, ou vai continuar esse processo sem saída. E estou
lamentando, porque não sou daqueles que acha que, quanto pior, melhor. Quem já
atuou no movimento sindical sabe disso: quanto pior a situação do povo, mais
difícil de eles trabalharem e se mobilizarem.
Lamento
que o povo brasileiro esteja fazendo uma avaliação desse quilate do nosso atual
Presidente, mas é um processo crescente. A cada mês diminui a aprovação e
aumenta a desaprovação. A avaliação ruim/péssimo do Presidente, hoje, passa de
50%. A cada mês, são mais 2% do lado negativo para o Presidente da República. É
um imbróglio sensacional, agora, todos os Ministros estão, por exigência do
Presidente, demissionários, não sabem se ficam os do PMDB ou se saem. Afinal,
como é essa situação toda? Isso é lamentável para o País, que está num processo
crescente de desemprego, descrédito completo da população no seu Presidente.
Queremos
discutir isso, quem sabem venha a base partidária do Presidente também
explicar, defender o Presidente, dizer qual é a saída, qual é a linha afinal do
Governo? Abriu as fronteiras de uma forma rápida. Claro, quem é capitalista tem
que fazer isso, mas pelo menos deveria preparar a economia. Abriu rapidamente
as fronteiras, quebrou a base industrial brasileira em grande parte, entram os
produtos de empresas do estrangeiro e fica a economia brasileira numa situação
muito complicada. Treme a Argentina, treme o Brasil, aumenta imediatamente o
dólar, e assim vivemos numa ciranda, num susto atrás do outro, porque a tal da
globalização é a realidade, mas tem que se procurar outras formas porque ela só
significa a quebra das empresas nacionais.
Agora
se juntaram a Brahma e a Antártica, para combater os estrangeiros. Será? Hoje,
inclusive esse processo trágico está conseguindo juntar as Centrais Sindicais.
Li nos noticiários de hoje que a Força Sindical e Central Única dos
trabalhadores já estão trabalhando juntas para evitar quatro mil demissões na
Brahma e na Antártica, que se juntaram para combater as empresas
internacionais. Até pode ser essa a razão verdadeira, agora precisa punir os
brasileiros? Isso vai significar a quebra das outras fábricas de cervejas;
demitir quatro mil pessoas para combater as multinacionais da bebida? É esse o
processo que queremos? É essa tragédia brasileira que queremos? É preciso uma
reação, é preciso haver a indignação de todos porque esse processo,
infelizmente, só tende a se agravar. Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: O próximo orador, pela ordem, é o Ver.
Isaac Ainhorn. Ausente. O Ver. João Dib está com a palavra. Ausente. O Ver.
José Valdir está com a palavra, em Comunicações.
O SR. JOSÉ VALDIR: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, há duas
semanas que tenho muitas surpresas. Eu tive a primeira surpresa no dia sete, à
noite, aqui neste Plenário, quando da realização da audiência sobre saúde, em
que houve audiência pública do Secretário, publicada em Edital. Eu estou
acostumado a ver aqui os Vereadores da oposição baterem na questão da saúde.
Por exemplo, o Ver. Cláudio Sebenelo, com essa voz tonitruante e veemência
oposicionista. No dia dessa reunião, eu cheguei atrasado, mas quando estava
ainda no estacionamento desta Casa, pareceu-me
ouvir a voz do Ver. Cláudio Sebenelo, fazendo as denúncias, criticando,
já imaginei que este Plenário estivesse lotado pelas bases oposicionistas, dos Vereadores oposicionistas, criticando a saúde. Quando cheguei aqui,
havia os assessores da Secretaria, algumas lideranças do CLS (Conselho Local de
Saúde), os Vereadores Adeli Sell, Sonia Saraí e o Ver. Renato Guimarães. Eles
não vieram aqui, fugiram do debate, porque a “RBS” não veio para cobrir aquele
debate e aí não havia como aparecer nos meios de comunicação, não veio nenhum
Vereador de oposição. Isso é um desrespeito dos integrantes desta Casa. O Secretário
convocou audiência pública, cumpriu a Lei, veio aqui com todo o seu estafe, e
não havia um Vereador de oposição aqui. Eles querem fazer o debate, só quando
podem jogar sozinhos nos meios de comunicação. Eles não vieram aqui, porque não
veio a “RBS” e o Jornal Zero Hora. Não entendi por que a imprensa não estava
aqui, eles também deveriam fazer aqui suas colocações e questionamentos. Uma
imprensa democrática deveria fazer isso. Não vieram, porque há uma relação
entre essas duas coisas.
O Sr. Guilherme Barbosa: V. Exa. permite um aparte? (Assentimento
do orador.) Obrigado pelo aparte. O Secretário havia proposto uma apresentação
de contas neste Plenário, quando poderiam estar presentes os 33 Vereadores, em
respeito a esta Casa. Foi exigida audiência pública, e foi cumprida a lei
rigorosamente. Que coisa estranha! Eu não entendi.
O SR. JOSÉ VALDIR: A
população de Porto Alegre tem que saber dessas coisas. Talvez V. Exa., que está
saindo, volte para explicar para a população - e é outra surpresa minha - por
que não se fala mais na Ford. Sumiu o assunto da Ford, ninguém mais quer falar
nesta Casa. Eu sei por quê. É porque, com esse absurdo que a maioria do
Congresso Nacional apóia o que Fernando Henrique fez, esse absurdo - foi com
muita sede ao pote - e deixando evidente aquilo que vínhamos dizendo. Quando o
Olívio era chamado de radical em combater a guerra fiscal, e aquelas pessoas
que diziam que éramos sectários, radicais, todos esses adjetivos da ditadura,
essas pessoas não sabem onde vão-se enfiar de vergonha, porque, agora, está
todo o mundo dizendo isso. Só para que fique registrado, qual foi o absurdo
cometido? O absurdo foi modificar, através de uma lei de última hora, de um
Deputado do PFL, uma Medida Provisória para permitir fazer um escândalo neste
País, conceder 1,5 bilhão do BNDS para financiar uma empresa, 1,5 bilhão para a
Ford.
No
Rio Grande do Sul, iriam conceder quinhentos e cinqüenta milhões, e mais
duzentos e quarenta milhões do Banco do Nordeste. Foram com muita sede ao pote,
e todo o mundo começou a gritar, inclusive aqueles que nos criticavam. O
Presidente da FIESP diz que disputa de vantagens fiscais entre os estados é uma
guerra burra. A FEDERASUL solicitou o veto do Presidente à ampliação do prazo
de vigência do regime automotivo para o Nordeste. Se o Presidente não pôde
ajudar o Rio Grande do Sul na época, não parece justo que agora ajude outro
estado. É preciso fortalecer a federação! Agora é preciso fortalecer a
federação. Quando o Olívio falava isso, ele era radical. Agora os
oposicionistas não querem mais falar no assunto. Aliás, esta Casa é muito
interessante. Quando o Antônio Britto governava o Estado, toda vez que vínhamos
aqui fazer um debate em nível estadual ou federal, nos diziam que éramos
Vereadores de Porto Alegre; portanto, o limite do debate era aqui, o Guaíba ou
no Arroio Feijó. Quando ganhamos em Alvorada, o limite ultrapassou até lá.
Quando ganhou em Caxias do Sul, o limite também mudou, o debate passou a ser
Porto Alegre e alguns locais. Quando o Olívio ganhou, Vereador de Porto Alegre
agora discute todo o Estado. Então, o limite agora é o Mampituba, porque lá
para cima já é o Fernando Henrique, são todos aliados. Os nossos
oposicionistas, quase todos, são aliados do Fernando Henrique, então, o limite
se espraiou.
O
incrível é que agora tem deputado virando Vereador! Eles fizeram esse caderno
que é semi-apócrifo, porque, convenhamos, quem tem coragem, iria dizer.
Colocaram aqui aquela bonita chama do PMDB, folhando, vemos que é um formato
idêntico, quase um plágio do nosso caderno do Orçamento Participativo, e,
perdido no final, num expedientezinho raquítico, diz que é da Bancada do PMDB!
Isso é a transparência ou o medo de que as informações que estão aqui dentro
não correspondam, foram feitas na última hora. O Ver. Décio Schauren apontou
algumas, com uma olhadela, eu flagrei várias situações, por exemplo: esgoto
cloacal na Vila Minuano. Foi inaugurado há duas semanas, eu estive lá, os
Vereadores receberam o convite, não estiveram lá porque não quiseram. Sinalização
na Rua Bernardino, no acesso. Eu passo todos os dias ali, a SMT já fez! São só
dois exemplos que eu olhei rapidamente.
Existem
outras pérolas de análise ideológicas. Vocês sabiam que os delegados do OP não
podem votar secretamente e que o tipo de voto adotado é o voto a descoberto?
Como nos regimes militares. Todos nós sabemos que na democracia essa duas
formas de votos são válidas. Se não fossem válidas o que nós estaríamos fazendo
aqui? Por acaso, nós, que somos representantes do povo, estamos num esquema de
ditadura? Por acaso, o Parlamento funciona em esquema de ditadura? Por acaso, a
democracia não admite as duas formas de votos? Quando se vota, nas reuniões, o
voto dos representantes é aberto, até para se poder cobrar, porque são os
representantes, que foram escolhidos, que votam. É assim que funciona no
Orçamento Participativo. Mas existe o voto secreto, sim, que esqueceram de
dizer aqui. O voto secreto existe quando se elegem os conselheiros, os
representantes. O processo de votação é o mesmo que existe para a população
escolher os Vereadores. O voto universal secreto é para escolher os representantes e o aberto é para as
deliberações das reuniões.
Que
aula de democracia é esta? Isto aqui é uma desinformação para o povo, é uma
baixaria e é deseducativo! Isto é completamente deseducativo. Acho que, mais do
que checar este caderno, temos que reunir os conselheiros e visitar cada uma
dessas obras citadas. Vamos aceitar o desafio. Mas vamos fazer de modo plural,
porque eu quero ir junto. Eu quero que essas obras que estão aqui citadas a
Vera. Clênia Maranhão veja com os seus próprios olhos. Muitas dessas obras,
aqui, estão funcionando. Veja com os próprios olhos e, depois, venha aqui nesta
Casa fazer uma autocrítica e publique, quem sabe, um caderno maior do que este
aqui, uma errata, como disse o Ver. Guilherme Barbosa. Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: O próximo inscrito é o Ver. Juarez
Pinheiro. Ausente. Ver. Lauro Hagemann. Desiste. O Ver. Luiz Braz está com a palavra em Comunicações.
O SR. LUIZ BRAZ: Sr. Presidente e Srs. Vereadores,
acredito que o que está divulgado neste caderno, nesta publicação da Bancada do
PMDB, que não ajudei a fazer, está muito bem publicado, porque os dados aqui -
e não há nenhum mistério - são relativos ao primeiro trimestre. São dados de
março. Ora, nós estamos, hoje, meando o mês de julho. Se de março até julho a
Administração que está aí não tivesse feito nenhuma obra, esta Administração
não teria mais nada a fazer, teria que ir embora. É claro que em três meses de
governo devem ter surgido outras obras.
A
análise que tem que ser feita é diferente. Em três meses de Governo apenas 7%
de obras concluídas. Está correto isso? Existe relação com o orçamento? Sabemos
muito bem que nos primeiros meses a Administração acaba arrecadando mais,
porque existe um pagamento maior de IPTU, são tributos que são antecipados e,
normalmente, nos meses de janeiro e fevereiro há uma arrecadação maior. Então,
vamos ver o seguinte: em três meses o normal é que se fizesse, no mínimo, 25%
das obras prometidas para a população, que as pessoas, conseguindo furar o
bloqueio ideológico do Orçamento Participativo, conseguiram colocar aqui no
caderno do Orçamento Participativo. Mas não! Em vez de 25%, temos apenas 7% das
obras concluídas. Aí, vêm outros Vereadores e dizem: “existem obras indicadas
no caderno como não-concluídas e agora estão concluídas”. Ora, já passamos três
meses, e é claro que se fizéssemos hoje um apanhado, depois que passamos mais
três, quatro meses de gestão, é muito normal que deveríamos ter hoje 50% das
obras do Orçamento Participativo concluídas, ou, pelo menos, iniciadas. O que
esta comissão de Vereadores tem que ver é se temos 50% das obras concluídas, ou
iniciadas, senão o Orçamento Participativo continua sendo uma mentira, um
engodo.
Essa
publicação aqui não é apócrifa, porque está assinada pelo PMDB no final e,
afinal de contas, o nome do autor não é obrigado a constar na capa. Aliás, na
capa vem o título. Qual é o título da publicação? “Orçamento Participativo 98:
A Manipulação da Vontade Popular”. Aqui está o título! E a capa de qualquer
publicação tem que conter o título. Ou será que todos os autores que não
colocam o seu nome na capa são autores de publicações apócrifas? Porque, afinal
de contas, o nome do autor está inserido dentro da publicação.
A Sra. Clênia Maranhão: V. Exa. permite um aparte? (Assentimento
do orador.) Ver. Luiz Braz, essa é uma velha tática. Nós denunciamos uma
realidade, que é a falta do cumprimento das obras. É só perguntar para a
comunidade se ela está satisfeita ou não com o cronograma que a Prefeitura
Municipal de Porto Alegre faz em relação às obras da Cidade. Como sabem que
não, porque grande parte das obras indicadas não é cumprida, estão tentando
desviar a atenção, tentando repetir uma mentira várias vezes até ela virar
verdade. É mentira! Essa publicação está assinada, inclusive com a logomarca do
Partido. É uma publicação da Bancada dos Deputados do PMDB. Não é um
caderninho, como disse o Vereador Décio Schauren, e não é uma baixaria, como
disse o Vereador José Valdir. Isso é típico dos Vereadores Petistas desta Casa.
Quando eles publicam uma idéia do Partido dos Trabalhadores, é uma expressão
democrática de cidadania; quando os outros Partidos publicam uma coisa, é um
caderninho e uma baixaria. Na verdade, isso é um desrespeito à vontade e à
opinião das pessoas que divergem deles.
O SR. LUIZ BRAZ: Vereadora Clênia Maranhão, a discussão
que eu faço com relação ao Orçamento Participativo é a seguinte: as obras são
escolhidas por esse povo que é manobrado pelo PT. Será que essas obras
escolhidas são, realmente, aquelas prioritárias para a Cidade? Será que essas
são as obras que deveriam surgir? Ou são as obras que, manipuladamente, são
colocadas para serem executadas pelo Orçamento Participativo? Mas se nem as
obras manipuladas, colocadas nessa publicação do Orçamento Participativo, são
realizadas - pelo menos boa parte delas não é executada -, então os erros do
Orçamento precisam ser analisados por esta Casa, porque, afinal de contas, é
esta Casa que tem a função de fiscalizar o que o Executivo faz. Porque o
Executivo, usando essa manobra do Orçamento Participativo, quer fugir da
fiscalização desta Casa. Tanto é que este Vereador fez uma pergunta, através de
um Pedido de Informações, que é um instrumento que um Vereador deve utilizar
para saber das coisas do Executivo: quanto é que o Executivo gastou, neste ano,
com a publicação, com a divulgação do Orçamento Participativo e com a sua
divulgação oficial? Essa seria uma resposta que a Administração Popular
deveria, imediatamente, mandar para esta Casa. Sabe qual foi a respostas, Vera.
Clênia Maranhão, que este Vereador recebeu? Que eu estava, na verdade, não
sendo específico em minha pergunta e por isso mesmo não podiam me responder.
Então, estou cobrando, através da Justiça para que, através da Justiça, o Sr.
Prefeito Municipal seja obrigado a enviar para esta Casa o que seria
absolutamente normal para ele enviar, que seria enviar os dados que nos dariam
para conhecer o que foi gasto, até agora, para se divulgar o Orçamento
Participativo. Eu sei que estão à disposição da Administração Popular cerca de
onze, doze milhões para serem gastos com publicidade. Eu pergunto ao Ver. Adeli
Sell, que é da Comissão de Orçamento desta Casa, se onze ou doze milhões não
seriam mais do que suficiente para que muitas das obras que ainda não surgiram
pudessem ser feitas. Será que toda essa divulgação que se faz através da “RBS”,
através dos outros órgãos de comunicação, será que é tão necessária assim, para
gastar dez por cento daquilo que é investido em obras desta Cidade? Aí, vejo o
Ver. José Valdir vir a esta tribuna e cobrar a não-presença de ninguém, neste
Plenário, quando veio, aqui, o Secretário da Saúde. Este Vereador estava em
viagem e por isso não compareceu - em viagem às minhas custas, paga com o meu
dinheiro, na verdade não custou nada para esta Casa, no prazo que estava fora,
e fui num final de semana. Mas o Ver. José Valdir vem a esta tribuna e pergunta
o porquê da ausência de pessoas. Ora, se publica apenas em edital! Por que não
se gasta o dinheiro que sempre se gasta para chamar as pessoas para o Orçamento
Participativo e, além de chamar as pessoas para vir nessas reuniões manipuladas
do Orçamento Participativo, ainda a Administração Popular tem que buscar
pessoas nas vilas, de ônibus e com seus carros para poderem vir aqui e colocar gente no Plenário. Então, essa
manifestação é de que nós, realmente, somos contrários a ela. E é essa
manipulação que tem que ser cobrada pela população, tem muito dinheiro gasto
com coisas que são absolutamente desnecessárias, e muitas obras que poderiam
ser realizadas e que deixam, infelizmente,
de ser, porque o dinheiro vai para outro lugar. Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. REGINALDO PUJOL (Questão de Ordem):
Sr. Presidente, como nós estávamos conduzindo
uma reunião da subcomissão do Plano Diretor, nós queremos fazer o registro da
nossa presença. Pretendíamos ocupar o espaço das Comunicações, mas a ausência
de quórum no presente momento nos obsta essa possibilidade.
A SRA. MARISTELA MAFFEI: Sr. Presidente quero fazer um registro.
Hoje nós comemoramos em nível nacional, os nove anos do Estatuto da Criança e
do Adolescente, sendo que nossa capital Porto Alegre foi a primeira a falar no
Estatuto, com muita honra, porque é um trabalho muito árduo. Apesar de todos os
cortes em nível federal nas questões sociais, nós estamos bravamente
enfrentando esse grave problema. Muito obrigada.
O SR. PRESIDENTE: Muito bem Vereadora, eu creio que V.
Exa. falou em nome de todos nós, porque é um assunto muito importante. Estão
encerrados os trabalhos da presente Reunião.
(Encerra-se
a Reunião às 12h04min.)
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